As dívidas acumuladas por estudantes que recorreram ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) ultraam a marca de R$ 15,7 bilhões e estão concentradas em dois bancos públicos: a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil.
Responsáveis pela operacionalização do programa federal, as instituições enfrentam agora os efeitos da inadimplência em massa, reflexo de um sistema que, na opinião de críticos, perdeu força ao longo dos anos.
Caixa e Banco do Brasil acumulam dívidas de R$ 15,7 bilhões
O Fies foi criado como uma política pública voltada a ampliar o o ao ensino superior no Brasil, especialmente entre jovens de baixa renda.
A proposta original era simples: o governo financiaria as mensalidades dos cursos universitários, e o aluno começaria a quitar a dívida após a conclusão da graduação.
No entanto, o modelo, que cresceu de forma acelerada a partir dos anos 2000, ou por sucessivas mudanças de regras, critérios e taxas, resultando em um cenário de desorganização istrativa e crescente inadimplência.
A dívida de R$ 15,7 bilhões diz respeito apenas aos contratos que entraram na fase de amortização entre 2020 e 2024, conforme dados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
O número real, porém, é superior, uma vez que o Banco do Brasil, que atuou como agente financeiro do Fies até 2018, calcula um saldo total inadimplente que pode chegar a R$ 26 bilhões.
A Caixa, desde então, istra exclusivamente os novos contratos, com índices igualmente elevados de inadimplência, embora não divulgue os valores exatos.
Governo investe no FIES Social e em renegociação das dívidas
Diante desse cenário, o Ministério da Educação (MEC) lançou o Fies Social em 2024. O programa busca ampliar a cobertura para estudantes do Cadastro Único (CadÚnico) com renda familiar per capita de até meio salário mínimo, oferecendo financiamento integral.
A medida foi apresentada como um esforço para reorganizar o programa e garantir que os financiamentos cheguem aos estudantes mais vulneráveis, mas ainda não atingiu a meta de beneficiar 100 mil pessoas no ano.
Para conter a crise, o governo também apostou em programas de renegociação com descontos agressivos. Em alguns casos, estudantes conseguiram abater até 90% do valor devido.
A Serasa Experian contabiliza milhões de ofertas de acordo em aberto, tentando recuperar parte da dívida sem inviabilizar o futuro profissional de quem saiu da faculdade com o nome negativado.
O MEC reforça que está empenhado em diferenciar quem não quer pagar de quem não tem condições, buscando cruzar dados com outras bases públicas para avaliar a real capacidade de pagamento.